Ontem e hoje.
Ontem vestia juventude. Hoje
trajo roupa puída, desbotada, sem viço.
Ontem era sabichão. Hoje sei
menos que ontem e o pouco que aprendi me assegura que sou menos ignorante.
Ontem era vassalo dos meus
pensamentos, instintos e emoções. Hoje ainda sou subordinado a esse complexo
sistema psicoemocional, mas ele agora não me senhoreia.
Ontem atrelava felicidade à
fartura financeira. Hoje detecto melhor as ciladas.
Ontem sofria com as vicissitudes
da existência. Hoje elas não passam despercebidas, mas a paciência me mostrou
que tudo que nasce morre; em pequeno, médio ou longo prazo.
Ontem focava no dissabor e por
isso agigantava-o. Hoje descobri que há
traços de ouro em qualquer mazela.
Depois que firmei compromisso com
a realidade, as miragens que me raptavam com facilidade no “ontem”, encontram
dificuldade para romper a blindagem que adquiri no “hoje”.
Não leva muito tempo para
substituir o aluno rebelde pelo aprendiz atencioso. Esse processo acontece na
crisálida localizada entre o “ontem” e o “hoje”. É preciso apenas acompanhar
alguns strip-teases cíclicos praticados pelas árvores, que se despem do amarelo para se cobrirem de oliva.
Roupa amarrotada não garante
depuração! Mas vestimenta engomada quase sempre hospeda indivíduos brutos,
inconscientemente sequiosos por lapidação.
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